quinta-feira, 5 de maio de 2011

Eu estou em um período conhecido por mim como Hiato. Eu sei que tem alguma coisa em algum lugar de mim, mas não sei onde é que essa coisa tá. Embora eu tenha certeza que ela está comigo, pois, de vez em quando, decide se mostrar pra mim e eu gosto. Hiato é, nesse caso, a presença de uma coisa que se faz ausente, ou seja, um absurdo, mas quem disse que o silogismo aristotélico foi criado pra lidar com alguma emoção humana? O silogismo é uma ferramenta que se é usada na busca da verdade e, vez ou outra, tenho pensado que isso tudo é mentira. Pra quê tanta dor de cabeça com uma coisa que se parece com um absurdo? Justamente pelo fato de parecer absurdo é que me seduz, se se mostrasse a mim como algo simplório e de fácil explicação, eu já teria desdenhado de tal e dado um passo à frente como já fiz outras vezes, mas, às vezes, posso sentir uma mão que me segura a perna e pede para quê eu fique mais e eu tenho ficado. E venho me acostumando a conviver com esse absurdo, mesmo ficando atônito por vezes. Hoje, por exemplo, eu não tenho conseguido formular um pensamento acerca disso. A verdade é essa: eu não sei o que é isso. E não saber o que é uma coisa que acontece consigo é muito mais frustrante do que quando se sabe o que vem acontecendo, mas, mesmo sútil, a mudança em mim e por mim é notória e talvez só eu mesmo venha percebendo essa mudança, porém ela está acontecendo a todo tempo. Em analogia ao fluxo de um rio que sempre passa no mesmo lugar, mas nunca para de passar. É assim que eu tenho me sentindo, ultimamente. E vem passando muita água sobre mim. A necessidade que eu tenho é apenas a de dar um rumo ao rio, criar um novo braço um novo percurso de água que vá dar em algum lugar, nem que seja em lugar algum, mas tem que chegar, porém eu nunca saberia que lugar seria esse, pois ao estar de frente a esse lugar eu não reconheceria por causa dessa mudança perene que a corrente do rio me arrasta. A certeza que eu tenho é que do mesmo jeito que um rio possui uma nascente ele possui também uma foz, podendo ou não desemborcar em algum outro local.

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